25 de janeiro de 2022

Sobre Tarot, novos interesses e meus decks favoritos em 2021

Em 2021 eu virei mística. Na verdade, acho que sempre fui e só agora é que aceitei essa realidade. Junto com essa constatação, veio também a vontade de colocar em prática algo que queria fazer há alguns anos, mas sempre acabava deixando de lado por algum motivo qualquer: aprender a ler o Tarot. Entrar em mais um ano de isolamento social, sem saber quando uma vacina iria chegar e, de forma geral, sem me sentir confortável para planejar qualquer coisa além de me manter viva e saudável e fazer a minha parte para garantir o mesmo para outras pessoas, se mostrou o cenário perfeito para me dedicar à atividade. Mais do que nunca, em 2021 eu precisei encontrar mais formas de escapar da realidade para manter alguma sanidade e o Tarot se revelou uma ótima ferramenta - tanto de uma perspectiva mais psicológica e terapêutica, quanto por um viés mais espiritual. Mais do que qualquer coisa, aprender sobre Tarot me trouxe paz em tempos de caos e eu sou muito grata por isso.

Assim, empenhada em me dedicar ao aprendizado, decidi que me daria um deck de presente de aniversário. Eu já tinha um Tarot de Marselha adquirido alguns anos atrás, mas depois de algumas tentativas frustradas de me conectar com aquelas imagens, desisti e resolvi investir em outras cartas. Depois de uns dias de pesquisa pela internet, lendo reviews e assistindo vídeos no Youtube, encontrei o deck que fazia meus olhos brilharem e assim começou de verdade a minha relação com o Tarot. Minha irmã me disse que encontrar decks de Tarot é que nem descobrir o bias de um grupo de k-pop:  não é a gente que escolhe, eles que nos chamam. Quando o Mystic Faerie Tarot me chamou, só me restou atender ao chamado.

Desde então, comecei a pesquisar mais sobre o assunto em livros e sites na internet, além de acompanhar a comunidade online no Youtube - principalmente a gringa, com gente de tudo quanto é canto do mundo. Aos poucos, comecei a fazer minhas próprias tiragens e a atividade vem se revelando uma ótima forma de acessar o inconsciente e obter autoconhecimento. Junto com a terapia e a escrita, o Tarot tem sido de grande auxílio na manutenção da minha saúde mental - principalmente quando precisei pausar a terapia.

Sempre que encontro uma nova paixão, fico querendo mais. Foi assim com livros, com maquiagem, com caderninhos, com camisetas e, claro, tem sido assim com decks de Tarot. Com poucas opções de lazer em uma realidade de isolamento social, optei por ser indulgente comigo e me permiti uma quantidade considerável de decks para uma novata. Alguns já viraram bons amigos, outros ainda preciso conhecer um pouco melhor e tem aqueles que sei que vão esperar um pouquinho porque preciso ganhar mais experiência. Em todo caso, gosto da ideia de ter uma pequena coleção particular ao meu alcance sempre que eu precisar. Tenho pensado nos meus decks da mesma forma que penso nos meus livros: investimentos em mim e promessas para o futuro.

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Enquanto sigo aprendendo, pensei que seria legal manter um registro dos meus decks favoritos ao longo dos anos. Em 2021, foram cinco os decks que mais me marcaram e contribuíram para o meu aprendizado. Vou falar um pouco sobre eles nessa segunda parte do post.

Mystic Faerie Tarot (Tarô Místico das Fadas, Barbara Moore & Linda Ravenscroft)

Meu primeiro deck de verdade e que considero minha real introdução ao Tarot. O que mais me atraiu para esse deck foi a forma lúdica que Barbara Moore utilizou para apresentar os arcanos. Apesar de seguir o sistema Rider Waite Smith, aqui somos convidados à entrar em um jardim habitado por fadas e cada naipe tem a sua própria história, ou melhor, seu próprio conto de fadas. As belas ilustrações de Linda Ravenscroft dão vida às cartas, além de esconderem (acho) alguns simbolismos  relacionados à mitologia de fadas e ao paganismo. Ainda quero estudar melhor esse deck e me aprofundar mais nos detalhes. Por trazer uma estrutura própria e por eu ainda estar começando a estudar Tarot quando o adquiri, sinto que perdi algumas coisas e um reencontro deverá revelar muitas novas surpresas. Aqui no Brasil, esse deck foi lançado pela editora Ísis com o título Tarô Místico das Fadas.

Llewellyn's Classic Tarot (Barbara Moore & Eugene Smith)

Adquiri esse deck no kit Tarot Made EasyYour Tarot, Your Way e confesso que só o fiz porque tinha interesse no livro escrito por Barbara Moore. Depois de meses me virando apenas com guidebooks de decks e informações da internet, senti a necessidade de procurar um livro de introdução ao Tarot e de todas as opções, essa me pareceu a mais favorável. Assim, imaginei que usaria o deck apenas para estudos, mas logo percebi que estava enganada. Acho que dá para dizer que esse deck é o que os gringos chamam de um clone do Rider Waite Smith, mas eu não enxergo isso como demérito. O trabalho de Eugene Smith com as ilustrações é, a meu ver, uma modernização da arte tradicional de Pamela Colman Smith com o intuito de tornar o Tarot algo mais atraente para iniciantes. As cores vibrantes e o movimento das ilustrações me lembra os desenhos animados que eu gostava de assistir quando era criança e, justamente por isso, não demorei para me conectar com as cartas. Há algo de familiar, nostálgico, seguro e, ao mesmo tempo, bastante direto na forma como esse deck se comunica com o leitor. Gostei tanto dele que adquiri uma versão mini para carregar na bolsa e levar em viagens.

Infelizmente, não existe uma versão traduzida para o português, mas a versão que eu comprei pode ser encontrada facilmente na Amazon e entra sempre em promoção. Existe também uma versão chamada Llewellyn's Classic Tarot em uma caixa amarela, mas ela está sempre bem mais cara e é vendida apenas por vendedores internacionais no Amazon Market Place.

Mystical Manga Tarot (Barbara Moore & Rann)

Esse deck se tornou um sonho de consumo assim que soube de sua existência e eu fiquei muito feliz quando ele voltou ao estoque da Amazon e eu pude adquiri-lo. Ele segue o sistema RWS, que funciona apenas como uma base para que o ilustrador e a autora acrescentem detalhes e interpretações próprias. A arte segue o estilo de mangá e as cartas são cheias de detalhes que vão revelando seus significados aos poucos. O livro que o acompanha, de autoria de Barbara Moore (!), é um dos que mais gostei, pois traz informações sobre o deck, mas também faz um apanhado geral sobre a história do Tarot e a jornada do Louco e apresenta algumas ideias de tiragens que gostei bastante. Conforme fui usando, percebi que esse é um deck bem profundo também - pelo menos foi essa a experiência que tive com ele -, como se ele tivesse camadas além da primeira impressão. Senti também um aspecto de sombra em algumas cartas que achei bem interessante. Depois de um mês usando apenas ele, precisei parar um pouco porque senti que algumas imagens estavam me perturbando um pouco. Claro que isso pode ser só meu inconsciente projetando alguma coisa, mas acho que há algo de intencionalmente incômodo na arte e adorei isso. 

A única desvantagem desse deck é que as cartas são bem finas e com poucos dias de uso já começaram a ficar com desgastes notáveis. Se eu soubesse disso, provavelmente não teria comprado, pois pelo preço pago esperava algo melhor. Espero que uma nova impressão traga cartas mais resistentes. Infelizmente, esse deck também não tem uma versão brasileira, mas a versão importada pode ser encontrada facilmente na Amazon. O preço costuma variar, então vale a pena ficar atento.

Radiant Wise Spirit Tarot

Não demorou muito para eu perceber que para avançar nos estudos eu iria precisar de um Rider Waite Smith e a versão Radiant Wise Spirit logo despertou o meu interesse. A ausência das bordas originais e a modificação das cores fez algo de muito mágico com as ilustrações de Pamela Colman Smith. Não sei explicar muito bem, mas é como se as imagens se tornassem mais visíveis. O deck não é perfeito, algumas das ilustrações ficam notavelmente saturadas e digitalmente recortadas com um olhar mais atento, mas esse é um detalhe que eu consigo ignorar pois acho as cartas lindas. O verso é um dos meus favoritos e as cores fazem meus olhos brilharem. Esse é um deck que eu sinto que sempre será um preferido. Um dos aspectos que mais gosto no RWS, não importa a versão, é que uma vez que a gente começa a amar, a gente sabe que sempre vai voltar para ele. Então eu sei que todo ano irei ler com essa belezinha. 

O Radiant Wise Spirit Tarot foi lançado pela editora italiana Lo Scarabeo, que costuma lançar seus decks com um livreto em quatro idiomas e uma das línguas no livreto desse deck é o português! O deck também está sempre em estoque na Amazon, mas os preços ficam sempre variando. Então, vale a pena ficar atento para não pagar mais caro.


Everyday Witch Tarot (Diário de uma Bruxa, Deborah Blake & Elisabeth Alba)

Meu deck favorito! Lembro que quando comecei a usar esse deck, não precisei fazer esforço algum para compreender as mensagens das tiragens e foi assim que entendi o que as pessoas queriam dizer com ler intuitivamente. As ilustrações dessas cartas são, além de muito bonitas e divertidas, bastante claras e diretas. Pelo menos para mim. Adoro a temática de bruxinhas e o aspecto meio caricato de desenho animado que mexe com o meu imaginário. É um ótimo deck para o dia a dia, mas isso não quer dizer que ele não seja profundo, pois ele já me deu uns tapas na cara também. Me disse umas verdades, sabem? É um deck bem versátil, que se adapta facilmente às necessidades do leitor. E eu adoro que todas as cartas trazem um gatinho às vezes em situações mirabolantes, às vezes apenas companheiro. Gosto tanto desse deck que também comprei uma versão mini para carregar comigo para onde eu for. E na ocasião de fim do mundo em que eu só poderia salvar um deck, ele seria a minha escolha. Esse é o tamanho do meu amor por esse deck.

Essa belezinha tem sim uma versão brasileira que foi lançada pela editora Ísis e se chama Diário de uma Bruxa. A qualidade das cartas é ótima e é bem fácil de achar na Amazon e também em lojas no Mercado Livre e na Shopee.

21 de janeiro de 2022

Sobre novos inícios • Um blog sobre leituras & outras coisas


Resolvi mudar o nome do blog e essa mudança parte da minha vontade de ter um espaço na internet para falar das coisas que eu gosto sempre que eu sentir vontade. Passei meses debatendo comigo sobre qual seria a melhor maneira de fazer isso e cheguei até a criar um novo blog em que escrevi o primeiro post mais ou menos um mês atrás, apenas para desistir da ideia poucos dias depois. O problema não estava exatamente no post ou na ideia, mas na forma como eu estava fazendo tudo.

Já faz uns anos que eu venho reduzindo aos poucos a minha presença online para um nível que considero saudável e acho que atingi esse objetivo em 2021. Justamente por isso, achei bastante contraditório criar mais um blog, de forma que me pareceu muito mais viável apenas reformular aquilo que eu já tinha. E foi por isso que resolvi mudar o nome do blog e, com essa mudança, abrir espaço para falar de outras coisas. Não me lembro mais se o blog já chegou a ter esse nome, MichasBorges, mas a url é sim um retorno. Sinceramente, não sei se gosto do nome, mas como me faltou a criatividade e me sobrou a preguiça para pensar em algo diferente, resolvi deixar assim. Escrevi tudo junto só pela aesthetic mesmo. Em todo caso, como já faz mais de uma década que Michas é meu nome na internet - e até fora dela em algumas situações -, que fique assim. Se em algum momento eu conseguir pensar em algo diferente, eu aviso vocês.

Como a minha ideia é usar o espaço para falar das coisas que eu gosto, pouca coisa deve mudar em relação ao que já aparecia por aqui, pois pretendo continuar compartilhando as minhas leituras. A principal diferença é que agora me sinto mais livre para falar de outros interesses. Parece bobagem, mas uma mudança simples assim faz todo o sentido na minha cabeça. Para marcar esse novo início, decidi fazer algumas pequenas alterações no layout: uma nova cor de fundo (esse azul combina com a capa do meu journal atual, tá muito a minha vibe no momento), uma fonte diferente para os títulos, uns detalhes com girassóis, etc. Ainda devo acrescentar mais algumas coisas, talvez importar alguns textos de outras fases da minha existência online, mas estou satisfeita por enquanto.

Sobre as atualizações, devo seguir mais ou menos como tenho feito nos últimos anos. Aparecerei por aqui sempre que tiver algo para dizer e não mais do que isso. Quando a gente aprende a seguir o próprio ritmo, fica difícil se adaptar ao ritmo do algoritmo. E tá tudo bem, gosto de como as coisas estão. 😊

Ah, sim. Como eu fui completamente afobada e comecei a postar metas e retrospectivas antes de qualquer outra coisa, me permitam desejar um feliz ano novo para vocês com vinte e um dias de atraso: feliz ano novo! Que 2022 seja um ano melhor para todos nós! 😀💓 

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PS: Uma rápida pesquisa no histórico de posts arquivados me revelou a informação esquecida de que o blog já teve esse nome sim, em 2015, durante um breve período de transição bastante semelhante ao atual. 😉